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De portais imersivos a vitrines de DLCs: A jornada dos menus de jogos

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De portais imersivos a vitrines de DLCs: A jornada dos menus de jogos

Os menus nos videogames sempre foram a porta de entrada para a experiência do jogador. Desde os primórdios dos Games, eles serviram como um espaço funcional para selecionar opções básicas, como iniciar uma partida ou ajustar configurações. Com o tempo, os menus evoluíram para algo mais sofisticado, imersivo e conectado ao universo do jogo, no entanto, nos últimos anos, essa evolução parece ter seguido um caminho inverso, o que antes era elemento criativo envolvente, agora é algo poluído por propagandas e microtransações, uma tendência preocupante se instaurou, a padronização e a falta de criatividade.

A transformação dos menus nos games

Nos primórdios dos videogames, os menus eram diretos e objetivos. Uma tela estática com opções básicas,  “jogar”, “configurações”, “número de jogadores”. A simplicidade reinava, com fundos pixelados, uma trilha sonora básica e designers que remetiam a temática do jogo, nada extravagante, apenas o necessário para colocar o jogador dentro da ação o mais rápido possível.

Com o avanço da tecnologia, os menus passaram a ser vistos como parte integrante da experiência do jogo, eles deixaram de ser meros botões sobre um fundo estático e passaram a ser tridimensionais,  transformando-se em verdadeiras introduções aos jogos, com elementos animados e esteticamente conectados à ambientação do Game. A transição entre as opções muitas vezes ocorria dentro do próprio universo do jogo, criando uma experiência fluida e imersível, transportando o jogador para o universo do jogo antes mesmo de começar a partida.

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Um grande exemplo dessa era de ouro dos menus é Need for Speed: Most Wanted. Seu menu era um ambiente vivo, tridimensional, onde cada opção levava a um local diferente, trilha sonora e os visuais reforçavam a identidade do jogo. A sensação era de que você já estava dentro do mundo de Most Wanted antes mesmo de começar a jogar. Essa abordagem se tornou um diferencial em vários títulos na época, onde os menus eram desenhados para fazer parte da experiência, criando uma conexão mais profunda com o jogador.

A padronização dos menus

Com o passar dos anos a atenção especial aos menus dos games tem se perdido com o tempo. Hoje, muitos jogos apresentam interfaces minimalistas, desprovida de identidade visual marcante. O design simplificado traduz listas frias e blocos espalhados pela tela, sem qualquer esforço para causar um impacto memorável, o problema não está apenas na simplicidade do designer, mas na padronização excessiva. Basta observar os jogos lançados nos últimos anos para perceber que a maioria segue um modelo idêntico

  • Ênfase exagerada em microtransações e DLCs
  • Opções posicionadas no centro ou nos cantos da tela
  • Ausência de animações ou elementos visuais que transmitem a identidade do jogo
  • Interfaces genéricas, com caixas retangulares dispostas de forma mecânica

O que antes servia para reforçar a ambientação e o estilo do game, agora se tornou um espaço comercial. Um dos maiores problemas dos menus modernos é a poluição visual causada por anúncios de DLCs em itens compráveis. Antigamente, conteúdos extras apareciam de forma discreta, sem interferir na experiência do jogador, hoje, eles ocupam um espaço desproporcional na interface, tornando a navegação cansativa e menos imersiva.

A tendência atual aponta para menus cada vez mais genéricos, repletos de retângulos, quadrados e propagandas que afastam o jogador da imersão. O que deveria ser uma introdução ao universo do game virou apenas um meio para vender conteúdos adicionais, deixando de lado o charme e a originalidade que um dia tornaram os menus parte essencial da experiência.

Menus funcionais e imersivos

É inegável que a UX (Experiência do Usuário) dos menus melhorou no quesito de acessibilidade, hoje, os jogadores encontram as opções de uma maneira mais simples, sabem exatamente onde configurar gráficos, controles ou iniciar uma nova partida. No entanto, essa praticidade não justifica a perda da criatividade e da imersão. É possível conciliar a eficiência com a originalidade criando menus que sejam tanto funcionais quanto imersivos, porém a padronização sacrificou a criatividade.

Isso não significa que todos os jogos necessitam de menus extremamente elaborados ou com animações cinematográficas, mas não faz sentido que todos os jogos optem por uma abordagem genérica e sem personalidade. Menu faz parte do jogo e pode ser uma extensão de uma atmosfera, ele não precisa ser um formulário frio sem alma onde o jogador apenas clica e avança.

Um grande exemplo é a franquia Tomb Raider, em Definitive Edition, o menu foi bem trabalhado com animações e transições interessantes, cada opção leva a uma cena diferente, mantendo a imersão. Já em Rise of the Tomb Raider, a abordagem foi mais simples, mantendo uma organização bem estruturada e coesa com a estética do jogo. O que se perde hoje é o equilíbrio entre funcionalidade e criatividade, um menu pode e deve ser eficiente sem precisar ser sem graça ou desconexo da experiência principal.

Conclusão

A decadência dos menus nos games é um reflexo da busca incessante pela praticidade e da padronização da indústria. A Crítica não é contra a eficiência dos menus modernos, mas sim contra a falta de esforço para torná-los parte da experiência do jogador. Será que todos precisam seguir a mesma estrutura fria e comercial?

Vídeo game é a arte entretenimento e os menus devem refletir essa essência, isso deve ser deliberado em todos os aspectos da trajetória do usuário. Ao resgatarmos a criatividade e a originalidade podemos transformar os menus em portais para momentos ainda mais memoráveis.

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